3 de fev. de 2007

Como as empresas investem


Em geral, há uma enorme dificuldade do macro-economista em trabalhar com dados da realidade. Virou crença a afirmação que o Banco Central não pode permitir a economia de crescer porque o custo Brasil e outros fatores impediriam o empresário de investir para atender ao crescimento da demanda.

Abaixo segue em detalhe como uma empresa toma suas decisões de investimento, quando sentia as vendas aumentarem. Vale a pena conferir, porque demonstra na prática o enorme potencial que uma empresa tem de aumentar a produção, antes de partir para o investimento.

Anualmente, a empresa faz um "Pareto" (observação de um determinado problema para avaliar a freqüência com que corre) para determinar quais etapas do processo de produção demandavam mais tempo.

Definidas essas etapas, passava-se a trabalhá-las internamente para obter melhorias de produtividade sem necessidade de investimentos adicionais. Usando a mesma metodologia, fazia-se a crítica de cada etapa e buscavam-se novas diminuições do tempo de produção, que poderiam ser obtidas com baixo investimento nos equipamentos. Com esses dois movimentos, conseguiam-se saltos de produtividade.

O passo seguinte era verificar quanto custava produzir em fábricas de terceiros, aproveitando sua capacidade ociosa. Se os custos valessem à pena, terceirizava-se parte da produção.

A indústria trabalhava usualmente em três turnos de trabalho, de segunda à sexta-feira. Quando a demanda aumentava mais ainda, começava a trabalhar com horas extras aos sábados. Quando se constatava que o aumento da demanda era permanente, adicionava-se um quarto turno de trabalho de segunda a sábado.

Quando a capacidade produtiva estava no máximo, implementava-se uma quinta turma de trabalho, para poder se trabalhar de segunda a domingo, isto é, sete dias por semana.

Se a capacidade lotasse novamente, fazia-se uma análise de portfolio de produtos para se verificar se havia algum produto com baixa rentabilidade, que era retirado da linha de produção. Com isso se ganhava tempo disponível de novo, para produzir itens com maior valor agregado.

Depois, revisava-se todo o ciclo novamente, para verificar se tinham se esgotadas as oportunidades para aí, então, partir para o inicio de análise de um projeto de investimento. Essa análise ocorria antes de se atingir a capacidade máxima.

Segundo um exemplo real deste modelo, uma indústria química em 1994 tinha uma capacidade produção de 550 toneladas/mês, trabalhando de segunda a sábado. No final de 2004, a capacidade mensal era de 2100 toneladas/mês com trabalho parcial aos sábados. Isto sem usar capacidade de terceiros, sem trabalhar aos domingos e sem se mexer no portfolio. E com investimento zero! Como a produtividade aumentou, parte disso foi repassado ao mercado como redução de preços e não com aumentos, como preconiza alguns economistas que não sabem o que é uma linha de produção.

Biodiesel e Goianésia


No início de 2005 foi criado o Comitê Goiano do Biodiesel, iniciativa do governo estadual que pretende firmar parcerias com o empresariado para a implementação de projetos de desenvolvimento do biodiesel no Estado. O Comitê é formado por representantes de sete secretarias estaduais (Agricultura, Ciência e Tecnologia, Indústria e Comércio, Infra-estrutura, Fazenda, Meio Ambiente e Planejamento), da Companhia Energética de Goiás (Celg), das Federações da Indústria (Fieg) e da Agricultura (Faeg) e do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool (Sifaeg).

O sentido da formação do colegiado advém da inexorável necessidade de se discutir e viabilizar a modificação da matriz energética brasileira com a introdução de novos combustíveis economicamente viáveis e ecologicamente corretos, como o biodiesel.

O biodiesel é um combustível produzido a partir de óleos vegetais utilizando matérias-primas como a soja, girassol, mamona, caroço de algodão, juntamente com o álcool etanol. Pode ser obtido de duas maneiras:

1) craqueamento (aquecimento em alto forno) e 2) pela transesterificação (processo químico com óleos vegetais mais etanol ou metanol e um catalisador).

É utilizado em motores diesel sem que se faça nenhuma alteração nos dispositivos, reduzindo em 97% a emissão de poluentes tóxicos e em até 50% a emissão de fumaça preta.

De acordo com legislação federal, a partir de 2008 será obrigatória a adição de 2% de biodiesel ao óleo diesel tradicional; para 2013 esse percentual será de 5%.

Com esses percentuais, somente o estado de Goiás terá um consumo do novo combustível de aproximadamente 30 milhões de litros para 2008 e de 76 milhões de litros para o ano de 2013.

Os projetos de construção de usinas têm 90% de todas suas etapas (da agrícola à industrial, passando por transporte, logística e armazenamento) financiadas pelo Governo Federal (via BNDES e Banco do Brasil), através do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel e conta com a prioridade dos desembolsos do Fundo Constitucional para o Desenvolvimento do Centro-Oeste e também com o apoio do governo do estado, através da lei n° 15.435 que instituiu o Fundo de Incentivo ao Biodiesel (FUNBIODIESEL), como parte das ações do Comitê Goiano do Biodiesel.

Nesse sentido, o Vale do São Patrício e, sobretudo, o entorno de Goianésia destaca-se por reunir as condições onde pode-se desenvolver mais fortemente a produção de Biodiesel no estado de Goiás.

É uma importante janela de oportunidade no horizonte do agronegócio do meio-norte goiano, com efetivos ganhos empresariais e de dinamização de renda e emprego para as populações locais.

Contamos, em nossa localidade, com importantes e competentes usinas produtoras de álcool etanol, o que viabiliza custos menores uma vez que este é matéria-prima essencial para a produção do biodiesel. A vocação agrícola da região e a futura conclusão da ferrovia Norte-Sul para o ano de 2008 ligando o estado do Maranhão à cidade de Senador Canedo, em Goiás, poderá ser uma nova possibilidade de deslocamento de matérias-primas de outras regiões do país, sobretudo do Norte-Nordeste, a custos reduzidos, além de ser uma importante via para exportação do produto nos portos de Pecém (CE) e Itaqui (MA).

Há, no entanto, a necessidade de decisões empresariais rápidas e pautadas por estudos a respeito dos tipos de oleaginosas mais viáveis para as especificidades locais, e o desenvolvimento de parcerias entre os produtores da região para o fornecimento de matérias-primas.

É uma importante e real possibilidade de inserção econômica de nossa região dentro de um novo cenário de matriz energética nacional que se constrói para os próximos anos baseada em novas diretrizes de preservação ambiental e da expansão de fontes energéticas renováveis, em detrimento dos combustíveis fósseis.

O Blog

Sejam bem-vindos.

Este BLOG destina-se principalmente aos meus alunos do curso de Administração da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Aqui serão postados meus materiais e notas de aula; avisos e comunicados gerais; além da continuação de discussões iniciadas em sala de aula.

O debate de questões políticas e econômicas regionais, sobretudo no que diz respeito ao agronegócio goiano, será uma constante aqui. Desde já, convido todos a participarem ativamente deste espaço postanto contribuições pertinentes que visam o enriquecimento e aprimoramento do cenário de idéias hoje existente na região do Vale do São Patrício.